quinta-feira, 29 de julho de 2010

Der Untergang (Post atualizado)

Uma direção impecável e um bom roteiro consolidam o ponto inicial pra este filme grandioso. De Bruno Ganz a Juliana Köler, as atuações estão no tom certo, sem espaço para deslizes. A fotografia é bela e sombria, entrelaçando-se com o filme como um todo. “Queda” mostra o lado dos nazistas em um mundo que se diz aberto a todas as opiniões, mas que condena sem ouvir os dois lados. É claro que não existe filme/livro que justifique tudo que os nazistas fizeram, mas nos aprofundarmos em sua natureza nos mostra que não eram inteiramente monstros. Havia uma explicação ideológica, mesmo que equivocada para nossa sociedade do ponto de vista humanitário. Assim como o recente “O Leitor”, implanta em nossas mentes a dúvida: “E eu? O que eu faria se fosse comigo? Se eu fosse alemão naquela época, o que eu pensaria?”.

Um filme feito para a reflexão, que põe em evidência nosso julgamento e compaixão. Em certo ponto esquecemos até mesmo quem é Hitler e o que ele fez, acompanhando o sentimento da secretária e desejando que ele não se suicide. Quando voltamos a realidade entramos em estado de choque ao nos darmos conta que defendemos mentalmente aquele que é considerado um dos maiores monstros da história da humanidade, mas afinal não é isso que os filmes devem fazer? Nos levar ao delírio, nos tirar da realidade durante um curto período nos levando a acreditar naquele momento no que nos é mostrado?

Ninguém vai defender Adolf Hitler ou o nazismo após ver o filme, mas a visão é clareada, um pouco mais ampla e panorâmica. Conhecer todos os lados de uma história é sempre bom, e considerando isso, posso dizer que o filme deixa isto como uma lição importante para todas as gerações, tanto do ponto de vista humano quanto cinematográfica. “Queda” revela aos desatentos que o que consagra um bom filme não é puramente a história, e sim o ponto de vista sobre ela.

Death Proof


“A Prova de Morte” é mais um daqueles filmes que sobre o olhar peculiar de Tarantino torna-se excelente e “cool”, mas que nas mãos de qualquer outro seria um lixo.

Talvez sejam os planos irresistíveis, ou seus diálogos ácidos e vulgares, quem sabe a tara por pés? Não sabemos o que realmente torna o cinema de Quentin Tarantino tão especial. O que sabemos é que os filmes de Tarantino são sempre incríveis.

Em “A Prova da Morte”, nos é contada: A história de um maníaco ex-dublê e seu carro tão assassino quanto ele, três amigas e uma quase traficante assassinadas pelo personagem de Kurt Russel (O ex-dublê) e seu carro, uma amiga deixada para trás com o borracheiro e três mulheres fenomenais em um dos maiores ápices feministas da história do cinema americano.

É praticamente impossível definir um filme de Tarantino por sua sinopse, ou pela descrição de como se desenrolam os acontecimentos. O charme está em como ocorre, e não no que ocorre. Diria que o filme é dividido em duas partes, a primeira parte é a que dispõe dos melhores diálogos, excessivos as vezes, e da melhor cena do filme: A dança erótica de Albernathy. A cena é muito bem filmada, sendo erótica e ao mesmo tempo desprovida de apelação. A segunda parte é mais ágil, a perseguição das garotas ao “ex-dublê” é sensacional.

A trilha sonora retrô, os defeitos propositais nas imagens (suscetíveis até a pequenas voltas), os pés, o feminismo, o vilão canastrão e a valorização do corpo feminino são as principais e mais perceptíveis características do filme. Uma excelente referência a todos aqueles filmes ruins que vemos nas prateleiras das locadoras. Vemos condensados no filme todo um estilo cinematográfico, ainda assim permanecendo original. O dom de Tarantino é inquestionável, o cara sabe como fazer filmes. Pretensioso ou não, Tarantino é um dos melhores diretores de sua geração, que mais uma vez transforma água em vinho.