domingo, 27 de junho de 2010

Entre os Muros da Escola


Decidi escrever novamente sobre o filme após vê-lo novamente na aula de francês. O outro post ficou muito seco e superficial, ai vai a nova resenha...

O filme mostra o cotidiano de uma escola da periferia francesa, onde os professores mal pagos e os alunos desiludidos convivem diariamente. Não obstante em escrever o livro que deu origem ao filme, o próprio François Bégaudeau interpretou o papel principal de mesmo nome. O filme toma um caráter forte e documentativo, sem tornar-se um mero folheto (Como o documentário “Uma Verdade Inconveniente”). O roteiro bem estruturado, a direção inspirada e as atuações realistas de adolescentes reais tornam o filme irresistível. Todo o aspecto visual é belo, porém é o que menos se sobressai no filme. A bela fotografia chega a ser ofuscada em certos momentos por todas as outras qualidades.

O filme foge ao clichê em todas as situações e diálogos, o final é mais do que prova disto. Toda uma sociedade francesa é retratada na sala de aula, o professor francês visto como burguês e os alunos da periferia como oprimidos. Isto é ainda mais interessante ao notar-se que toda a história passa-se entre “os muros da escola”, literalmente. Os alunos vêem seu professor da forma como seus pais vêem os franceses “puros”. E os métodos do professor acabam não ajudando, ele tenta estimular os alunos através de provocações, causando o efeito contrário.

O “conselho” simboliza o sistema opressor que é uma mera formalidade. Onde não se tenta mudar o final da história ao longo de sua ocorrência, deixa-se tudo para o final e ao chegar em tal ponto, ignora-se todo o contexto de vida do aluno. Mas será mesmo que todos devem ser tratados da mesma forma, sem nenhum tipo de exceção? Os diferentes devem ser tratados como iguais? Ou será que devem ser tratados como diferentes, aprendendo a sim a respeitar uns aos outros?

“Entre os Muros da Escola” não é só um retrato do sistema educacional francês ou da sociedade francesa. É um retrato de toda a sociedade, de forma global, incluindo a nossa. Um dos melhores filmes dos últimos tempos.

sábado, 19 de junho de 2010

Orgulho e Preconceito.

Não há como não comparar o filme ao livro, e desta forma classificaria o filme como pífio. Porém são duas formas diferentes de arte, e tenho dar o braço a torcer, isoladamente "Pride & Prejudice" é um filme arrebatador. A forma ágil como é contada por Joe Wright nos traz certos momentos de defasagem, mas cumpre o seu dever. Não culpo o roteiro, é um tipo de livro bastante difícil de adaptar para as telas.

A parte técnica é impecável! A fotografia é belissima, o figurino delicado, a cenografia perfeccionista e a direção de arte claramente inspirada. A trilha sonora é um show a parte.

A história do improvável amor entre Mr.Darcy e Miss Bennet é divina, servindo também como crítica social a época em que é retratada. O elenco é maravilhoso, mesmo que a versão de Mr.Bingley tenha ficado abobalhada demais. Knightley esta divina, sem dúvida é sua melhor atuação entre os filmes que vi com sua participação, digno de sua indicação ao Oscar.

O filme é lindo, recomendo!

domingo, 6 de junho de 2010

The Purple Rose of Cairo



Mais uma obra prima de Woody Allen.

Mia Farrow maravilhosa nos leva para um mundo onde tudo é possível. Um mundo onde o real quer ser ficticio, e o ficticio quer ser real. Tudo é claro, com o toque único e descontraido de Wooddy.

A fotografia é um show a parte, o elenco é exemplar, o roteiro é primoroso (Escrito por Woody, não podia ser diferente), a direção está inspirada e a trilha sonora arrebenta. Se eu não fosse tão obcecado por "Vicky Cristina Barcelona" e por seus personagens tão envolventes, diria que este é o melhor filme de Woody Allen.

A história do personagem de cinema que apaixona-se pela triste mulher que o assiste constantemente é encantadora. Nos leva a refletir sobre a idéia de realidade e como lidamos com ela.

O filme é leve, ágil e doce. Vai para o meu top 20, recomendo muitissimo! Um filme revoluciorário dos anos 80, na onda de Woody Allen mostrando que na vida real, nem sempre os finais são felizes.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

A Single Man



O roteiro original, a direção surpreendente de Tom Ford, a fotografia brilhante e o elenco fabuloso, fazem deste filme, algo raramente visto.

Para começar, falemos de Colin Firth. Sua atuação é estupenda e unida ao jogo de cores da fotografia, ganha mais força ainda. Julianne Moore bela como sempre, porém muito mal aproveitada (Um dos poucos pontos negativos do filme). Nicholas Hoult provando que vai muito além do Tony da série inglesa "Skins", ao invés disso mostra que tem personalidade e maturidade para interpretar um personagem tão singular. Jon Kortajarena é um espetáculo a parte, sua cena sem dúvida é uma das melhores e o seu Carlos a la James Dean é estupendo e natural.

A melhor cena do filme fica nas mão de Colin Firth e do ainda não citado, Matthew Goode. Onde estão em cima de uma pedra conversando sobre Charlote e outras coisas. O estilo da fotografia lembra um pouco a de Fellini. Falando em fotografia, não podemos deixar de enfatizá-la. O jogo entre cinza (solidão) e solar (paixão, coletividade, sentimento) nos guia através dos sentimentos do personagens. A colorida, ou como eu já chamei antes, solar, aparece quando de alguma forma outros personagens o iluminam, o puxam para o presente. Livram-lhe de sua solidã amarga, representada continuamente pela fotografia acizentada.

A estréia de Tom Ford na direção não podia ser melhor, comandar um elenco afiado e escolher tão bem os planos é algo bastante importante e satisfatório. Há de se lembrar também da trilha sonora e do figurino, caracteristicos dos anos 60.

"A Single Man" é uma obra imperdível, que merece ser vista por todos. Recomendo!