A história de uma das maiores lendas do mundo contemporâneo não passa disso. A juventude de John Lennon é contada por um roteiro confuso e sem estrutura.
O filme traz como carro chefe os segredos da família de Lennon, que criado pela tia, desconhece o motivo de ter sido abandonado pelos pais. No desenrolar da história defrontamo-nos com diversas pistas que nos levam a um final dramático e surpreendente. Com a família em primeiro plano, sente-se muito a falta de uma abordagem mais elaborada do papel da música na vida de Lennon. Mesmo que pareça que o seu estilo "bad boy" seja bastante influenciado pelo ainda marginalizado "Rock and Roll". O que era para ser uma diferente perspectiva da vida de Lennon, torna-se uma alegoria vazia que não justifica o mito que se tornou. É impossível assistir a um filme sobre uma lenda sem procurar em todos os lugares referências ao que viria a ser no futuro. As imagens não trazem a música como fuga, ou exemplo, ou nada.
O filme parece o tempo inteiro ter sido feito as pressas, sem cuidado ou organização. Contudo, possui seus pontos altos. Dos mais gritantes está a fotografia excepcional, tipicamente inglesa e explodindo em identidade. A frieza da fotografia dança em perfeita harmonia com a composição de planos, amenizando o desastre que é o roteiro. Roteiro que além de tudo consegue ser repetitivo, quantas vezes vemos a mesma cena de John abrindo a porta da casa da tia e saindo ora raivoso, ora animado. A tentativa frustrada de nos fazer adentrar na narrativa, transforma-se então em mais um ponto prejudicial ao péssimo ritmo estabelecido do inicio ao fim. Uma montagem mal feita acaba por desmerecer a bela maquiagem, transparecendo como se o filme se passasse em pouco mais que algumas semanas na vida de Lennon.
Aaron Johnson cativa o público, dando motivos para se acreditar enfim que assistir a "Nowhere Boy" não foi tanta perda de tempo assim. Kristin Scott Thomas nos entrega mais uma atuação impecável, nos fazendo questionar o motivo de não ter sido ainda imortalizada, pelo público e pela crítica, como uma diva do cinema.
Um filme regular, que não entretem e nem faz pensar. Não acrescenta em nada a visão sobre o artista a quem a cinebiografia se refere. Entretanto, é lindo para os olhos como todo bom filme inglês.
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