Uma direção impecável e um bom roteiro consolidam o ponto inicial pra este filme grandioso. De Bruno Ganz a Juliana Köler, as atuações estão no tom certo, sem espaço para deslizes. A fotografia é bela e sombria, entrelaçando-se com o filme como um todo. “Queda” mostra o lado dos nazistas em um mundo que se diz aberto a todas as opiniões, mas que condena sem ouvir os dois lados. É claro que não existe filme/livro que justifique tudo que os nazistas fizeram, mas nos aprofundarmos em sua natureza nos mostra que não eram inteiramente monstros. Havia uma explicação ideológica, mesmo que equivocada para nossa sociedade do ponto de vista humanitário. Assim como o recente “O Leitor”, implanta em nossas mentes a dúvida: “E eu? O que eu faria se fosse comigo? Se eu fosse alemão naquela época, o que eu pensaria?”.
Um filme feito para a reflexão, que põe em evidência nosso julgamento e compaixão. Em certo ponto esquecemos até mesmo quem é Hitler e o que ele fez, acompanhando o sentimento da secretária e desejando que ele não se suicide. Quando voltamos a realidade entramos em estado de choque ao nos darmos conta que defendemos mentalmente aquele que é considerado um dos maiores monstros da história da humanidade, mas afinal não é isso que os filmes devem fazer? Nos levar ao delírio, nos tirar da realidade durante um curto período nos levando a acreditar naquele momento no que nos é mostrado?
Ninguém vai defender Adolf Hitler ou o nazismo após ver o filme, mas a visão é clareada, um pouco mais ampla e panorâmica. Conhecer todos os lados de uma história é sempre bom, e considerando isso, posso dizer que o filme deixa isto como uma lição importante para todas as gerações, tanto do ponto de vista humano quanto cinematográfica. “Queda” revela aos desatentos que o que consagra um bom filme não é puramente a história, e sim o ponto de vista sobre ela.
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