sábado, 22 de janeiro de 2011

Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto.

"Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto" conta a história de dois irmãos que motivados por diferentes motivos, armam assaltar a loja dos pais. O plano dá errado, a mãe dos garotos morre e o pai passa a procurar frenéticamente os responsáveis pela morte da esposa, sem saber que esses são os seus filhos.

O Andy de Philip Seymour Hoffman é o grande mentor do plano executado pelo irmão Hank e um capanga. Enquanto Hank é motivado por razões financeiras fortes, sendo visto como fracassado por sua filha e todos os outros a sua volta, Andy está insatisfeito com a sua vida estagnada ao lado de sua mulher: A belissima Gina Hanson de Marisa Tomei. A moral dos dois irmãos é posta em cheque e a culpa os afeta de formas distintas, nos ajudando a compreender as ações dos personagens. Obra de um grande roteiro, uma cama de gato muito bem armada. A história é deliciosa e inteligente, com diálogos poderosos e situações muito bem pensadas. Tornando-se um incrível excercicio para a cabeça, além de um grande entretenimento.

Mesmo que extremamente impactante, o final é rápido demais, dando a impressão de que foi escrito de última hora. O final quebra ainda mais o ritmo do filme, que é afetado constantemente pela péssima edição e os maneirismos chatos e repetitivos ao retroceder no tempo. Aliás, o jogo magnifico do filme de sempre remeter ao passado pelo ângulo de diferentes personagens perde muito a sua força com esses fracos recursos visuais.

O maravilhoso prólogo do filme só é superado pela cena em que Charles, o pai, vai visitar Nanette, a mãe, no hospital. O "Eu te amo" exclamado por Charles pode ser visto como um dos mais emocionantes e expressivos da história do cinema. É Albert Finney que realiza através de Charles a melhor atuação do filme. O ator tem o poder de apenas com o olhar nos fazer sofrer com os conflitos internos de Charles. Com uma simples alteração de voz sabemos suas intenções para próximos passos, como na cena final.

Contudo, não é só Albert Finney que brilha. No geral, as atuações são excelentes. O único que perde é Ethan Hawke, que exagerado não encontra o tom certo para o seu personagem. Philip Seymour Hoffman e Marisa Tomei são um show a parte, dignos de aplausos.

Visualmente o filme é morno, com fotografia relativamente crua. Mas Lumet consegue manipular tudo que tem nas mãos a fim de nos fazer entrar na história de tal forma, que perdoamos tudo. Jogadas de um grande mestre que sabe como prender o público plano sobre plano. É de se espantar que um diretor de tão longa carreira ainda consiga fazer um filme de tal tamanho. Sidney Lumet honra com vigor sua filmografia com este trabalho imperdível.

Nenhum comentário:

Postar um comentário